Incertezas geram oportunidades: o cenário para investimentos nos próximos 12 meses

 

Incertezas geram oportunidades: o cenário para investimentos nos próximos 12 meses

Apesar de o Brasil enfrentar alta inflação e o mundo encarar os efeitos da guerra na Ucrânia, é possível conseguir boas aplicações 

 

*Por Davi Ramos

 

Investir bem demanda certa compreensão dos diversos elementos que influenciam ativos, preços e ações, no Brasil e no mundo. Por isso, é fundamental se atentar às intempéries que assolam o país e demais nações neste momento para diminuir riscos e aumentar as chances de maximização de retorno. Em território nacional, os brasileiros atualmente enfrentam uma inflação alta: de acordo com números de agosto deste ano, o Índice de Preços no Consumidor (IPCA) acumulado de 12 meses é de 8,73%. O cenário ganha ainda mais contornos de incerteza quando é colocada sob análise a situação política. O Brasil está prestes a realizar sua eleição federal que irá definir a próxima figura ocupante da Presidência da República, responsável por decidir sobre temas importantes que têm impacto na economia e nos investimentos feitos no país.

 

No contexto além das fronteiras nacionais, o mundo também encara as consequências da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro deste ano. Há desabastecimento de gás natural na Europa proveniente da Rússia, em razão das sanções lançadas contra o Kremlin, o que preocupa nações do Velho Continente prestes a enfrentar temperaturas frias. Soma-se a isso o aumento no preço global das commodities, um dos piores saltos desde 2008, e o crescimento da inflação na zona do euro no último mês de agosto.

 

As incertezas geradas em cenário global, no entanto, não são sinais de ruína para quem investe; pelo contrário, elas são também oportunidades. Afinal, a volatilidade dos ativos e da situação econômica trazem diversos deslocamentos de preço, o que possibilita sólidos retornos para quem estiver atento a todos os movimentos no mercado. Ainda que seja importante salientar que análises para investimentos não são previsões místicas sobre o futuro, alguns pontos muito relevantes já se desenham no cenário mundial: inflação alta e persistente, recessão econômica, ou pouso suave para a economia, em que a inflação voltaria à normalidade. Em cada uma das possibilidades, é importante que o investidor dedique atenção a ativos reais, renda fixa, e a uma diversificação bem estruturada. Para investidores de longo prazo presentes na Bolsa de Valores, especialistas do mercado entendem que vale a pena seguir com o valor alocado.

 

O investidor deve saber que nunca é tarde para serem feitos ajustes e rebalanceamentos em seu portfólio. Especialmente porque frequentemente é necessário realizar uma revisão na aderência da carteira de acordo com o que acontece na vida pessoal do investidor e, claro, no mercado. Para quem é adepto da renda fixa, especialistas sugerem que o investimento em caixa deve estar acima da média, tanto para reserva de emergência quanto para uma reserva de oportunidades. No primeiro caso, a importância se deve à possibilidade de uma recessão global forte e impacto considerável na economia brasileira; dessa forma, o investidor estaria preparado para ter liquidez e agir de acordo com esse cenário intempestuoso. A reserva de oportunidades, por sua vez, é importante para quem compreende as oscilações de preço no mercado como ocasiões para aquisição de bons ativos, especialmente com foco no longo prazo. Os dois modos de reserva preferencialmente devem estar alocados em renda pós-fixada, uma vez que ela tem previsão de ter retornos perto de 13% e 14% nos próximos doze meses.

 

Ainda na renda fixa, é importante destacar que devido às incertezas para os próximos anos, o investidor precisa se preparar para eventuais surpresas, como mudanças grandes na taxa de juros e inflação mais elevada. Por isso, é importante manter um portfólio bastante diversificado e composto por títulos pré e pós-fixados e indexados à inflação. Para investidores com ações na Bolsa, o mais recomendado atualmente por especialistas é a escolha por empresas de qualidade, risco baixo, e valor. Entre os principais focos para investimento, destacam-se as commodities (companhias de energia) e empresas resilientes menos relacionadas a questões macroeconômicas, especialmente porque o cenário internacional apresenta atualmente muitas incertezas. É recomendado também que o investidor reduza neste momento — pensando nos próximos meses — os valores alocados em estatais, especialmente devido às incertezas políticas do país, potencialmente agravadas no futuro breve em razão das eleições.

 

Os fundos imobiliários (FIIs) também são boas opções para investimento nos próximos meses, afinal, eles fornecem instrumentos relevantes para aproveitar os momentos de inflação e juros elevados, como ocorre atualmente. Entre algumas das opções para aplicação estão os Fundos de Papel, Shopping Centers e Lajes Corporativas. O primeiro se destaca para quem almeja se proteger ou se beneficiar de um cenário com inflação e juros elevados, possível devido à maioria dos CRIs e LCIs serem emitidos com indexação à inflação ou CDI. No caso dos Shoppings, quando observadas as dificuldades do cenário macroeconômico, especialistas do mercado recomendam a preferência por fundos com portfólios compostos de shoppings dominantes no segmento e orientados para alta renda. O investimento em Lajes Corporativas, por sua vez, se destaca por oferecer resiliência em razão da presença de imóveis classe A+ e A em regiões importantes de São Paulo, por exemplo. Também quando considerado o dificultoso cenário macroeconômico, analistas do mercado enxergam o segmento com potencial de retorno a investimentos.

 

Por meio de uma análise holística em relação à situação nacional e global, é possível realizar aplicações bem interessantes de acordo com cada perfil e possibilidades do investidor. Afinal, incertezas nem sempre existem por muito tempo; e quando existem, ainda assim é possível realizar bons investimentos. Incertezas, é importante relembrar, são oportunidades para quem está atento ao mercado.

 

*Davi Ramos é CEO e sócio fundador da Vante Invest, assessoria de investimentos credenciada à XP.

 

Sobre a Vante Invest

A Vante Invest é uma assessoria de investimentos credenciada à XP que presta serviços a clientes pessoa física e jurídica em todo o Brasil. Para isso, a empresa conta com um time de profissionais do mercado financeiro para proporcionar aos parceiros os melhores investimentos disponíveis. A Vante Invest defende que, com a definição de objetivos claros e um planejamento certo, é possível navegar em um oceano de águas tranquilas.

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